26 de set. de 2012

Padroado às avessas: o atual cenário eleitoral brasileiro.

Olá, senhores. 

      Em meio a tantas bizarrices nestas eleições, seria um total desrespeito se eu não fizesse um breve comentário referente aos candidatos a vereador e a prefeito das principais capitais do país. E, infelizmente, foi-se o tempo em que nos indignávamos só com os nomes e com as propostas absurdas dos prezados candidatos. Hoje, um fator maior me preocupa sobremaneira: a influência religiosa nas decisões políticas. "Ih, lá vem, ele vai falar de religião". Calma, meus digníssimos, aqui o meu objetivo é outro.

     Assistir ao horário reservado à propaganda eleitoral gratuita - Lei 9504/97, que de gratuita não tem nada: http://migre.me/aSrut , rende boas gargalhadas e até mesmo certa indignação, o que não era para acontecer, já que estes programas são o nosso contato direto com o candidato, isto é, a forma de nos aproximarmos das suas propostas de mandato e intenções de governo. O que tenho observado em alguns programas eleitorais do Espírito Santo e, sobretudo, de São Paulo é o crescimento vertiginoso de candidatos religiosos ou apoiados por líderes religiosos - Edir Macedo, Valdemiro Santigo, missionário RR Soares, pastor Silas Malafaia e alguns padres católicos. 

Fonte:  http://www.adital.com.br/

      Conforme o artigo 1ª da Constituição Federal: "todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição" e a máxima do sufrágio universal, em que todos os cidadãos têm o direito (capacidade eleitoral ativa) de votar e o de serem votados (capacidade eleitoral passiva); deixo claro que o meu papel aqui não é de criticar a liberdade individual de cada cidadão em votar ou ser votado, mas sim de alertar os riscos consideráveis de se envolver instituições religiosas no processo político. Segundo o teólogo Marcello Fontes, a indicação de candidatos por líderes religiosos preocupa, pois coloca em risco a legitimidade do estado democrático por direito que, infelizmente, ainda é frágil como laico, além de ser prejudicial à sociedade.

      A partir do momento em que isso ocorre, há a ruptura do respeito por todas as manifestações religiosas, já que certos grupos são privilegiados em detrimento de outros. E lógico, creio que ninguém aqui quer o Brasil como um "Estado Teocrático". Já bastam o Vaticano e o Irã, dois extremos que se resumem na mesma ideologia maliciosa e deturpadora de dízimo mentes.

      Fontes do IBGE mostram que a Igreja Católica concentra a maioria dos religiosos do país, com cerca de 65% da população; seguida pelos evangélicos, com 22%; e os 13% restantes referentes aos sem religião, espíritas, entre outros; demonstrando que são notórias as influências católica e evangélica no meio social. Já esclareço que sou terminantemente contra à proibição religiosa sobre o uso de métodos contraceptivos, o estudo de células-tronco e o aborto; e explicarei os motivos em outro post para não extrapolar o tema proposto. E não há como negar tal interferência ideológica, pois basta lembrarmos do episódio envolvendo a então presidente, Dilma Rousseff, a respeito da prática do aborto, fato que levou muitos religiosos a se incluírem na disputa.

      Um exemplo trágico e vergonhoso disso é o caso do candidato à prefeitura da cidade de SP, Celso Russomanno, do PRB - partido cujo presidente é o pastor Marcos Pereira (bispo da IURD), defensor do 'kit gay' nas escolas públicas de ensino fundamental. Sendo assim, vamos ser sinceros amigos: caso seja eleito - o que é muito provável, já que  o mesmo é líder nas pesquisas -, Russomanno negará as alianças com a IURD e os episódios de sua vida pregressa e agirá em seu mandato de acordo com a neutralidade do Estado Laico, sem puxar sardinhas para os "petralhas" evangélicos da Igreja Universal? Jamais!
   
Fonte: Yahoo Brasil
   
      Um outro caso que quero tratar com vocês refere-se à indicação e ao apoio da ICAR (Igreja Católica Apostólica Romana) a candidaturas de vereadores e prefeitos no Brasil. Recentemente, uma amiga assistia a uma missa de domingo, na Igreja Católica Cristo Redentor / Bairro República, quando de repente um candidato, apoiado obviamente pelos clérigos da instituição, interrompeu a celebração religiosa para divulgar suas propostas de mandato. Estranho, não?  Onde está aquele dilema ético que a considera transparente e ausente dos processos políticos dos votos de cabresto? Quem acreditar nisso, infelizmente, é total ignorante de História e com certeza não é praticante do catolicismo. A ICAR sempre apoiou, direto e indiretamente, partidos e candidaturas políticas! Não vamos ser hipócritas.

      Essa interferência, não só pelos católicos, é sobremaneira prejudicial à sociedade. Assuntos, conforme já citados aqui, de interesse científico e global são limitados e restringidos por instituições que se acham no direito de interferir na liberdade do indivíduo e no desenvolvimento da ciência. A religião SEMPRE atrapalhou o progresso do homem, com mentalidades ultrapassadas e medievais, com doutrinas conservadoras e egoístas e com ideologias mirabolantes e contraditórias. 

      Se você, amigo leitor deste blog, tem candidatos decididos pelo seu pastor ou padre - interessados exclusivamente em privilégios políticos e financeiros -, eu tenho uma péssima notícia: VOCÊ FAZ PARTE DO REBANHO!



Rafael Santana.

Um comentário:

  1. Ola, Rafael.
    Gostaria que você entendesse um pouco de coisas mais simples, menos teorizadas mas se e dessa forma o que eu posso dizer, que respeito a sua opinião pois sei que você respeitara a minha. Eu tive a maior parte da minha vida, fazendo o que as pessoas da minha igreja dizia o que erra certo ou errado. Depois isso não foi mais assim. tenho a minha concepção de vida, mas não deixei de crer no DEUS que me deu você e eu sei o que ele ja fez por você e nas minhas orações peço que ele continue te abençoado.
    DENISE

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