28 de set. de 2012

Brasil: o país do futuro ... do pretérito!

Olá, senhores.

      Na madrugada desta sexta-feira decidi ler alguns livros e revistas referentes à formação do Estado e  às instituições políticas brasileiras. Como o assunto é interessante e estamos em época de eleição, achei relevante fazer um texto retratando, brevemente, alguns pontos sobre teorias políticas, corrupção e a indiferença do cidadão brasileiro quando se fala em votar. De forma histórica e superficial, farei uma breve análise política a partir dos tempos clássicos até os dias atuais. Divirtam-se!

Conceitos fundamentais:


      Bem, falar deste assunto sem retomar seu conceito histórico significa negligenciar o total entendimento de todo um processo complexo e pertinente. O significado do termo "política" advêm de pólis (polítikos), que significa tudo o que se refere à cidade, isto é, aquilo que é urbano, público, civil e social. Desde a Antiguidade Clássica esse termo é utilizado para designar o estudo da esfera de atividades humanas referentes às propostas de um Estado. Porém, com o decorrer da história humana, o termo foi gradativamente substituído por expressões como "ciência do Estado", "doutrina do Estado", "filosofia política", entre outros, apesar de sempre indicar, de alguma maneira, a referência original de pólis.

      É importante tomar cuidado ao diferenciar "poder" de "poder político", uma vez que o termo "poder" define-se como uma relação entre dois sujeitos, na qual um impõe ao outro a própria vontade, determinando-lhe certo domínio. Já o "poder político" consiste apenas no poder do homem sobre o homem, como, por exemplo, na relação entre governantes e governados, entre soberanos e súditos, entre Estado e cidadãos, como indicavam as teorias contratualistas modernas, encabeçadas por Jean-Jacques Rousseau e outros pensadores da Idade Moderna. Todavia, é claro que, na prática, tal relação não ocorre de forma harmônica e condizente com o desejado.

      A teoria política antiga (clássica) voltava-se para a centralização da sociedade no discurso político, no qual as virtudes eram privilegiadas; o que não se observa na teoria política moderna tal qual conhecemos, já que a atenção dos nossos representantes volta-se para seus interesses pessoais, distanciando-se cada vez mais do ideário coletivo e igualitário. Vale lembrar que a democracia dos amigos gregos e romanos era direta, ou seja, cada cidadão exercia o poder democrático de forma própria sem representante, em que o mesmo elaborava, administrava e executava as leis; diferente da nossa, que é uma democracia representativa, na qual o povo elege os seus representantes, que passam a agir em seu nome para conduzir o estado democrático. Sem dúvidas, se eu pudesse escolher entre esses dois tipos, para TENTAR buscar uma solução, eu escolheria o "velho modo clássico"; pois, quem sabe, haveria mais participação popular no âmbito eleitoral.

Oportunismo: o retrato da política no Brasil.


      No nosso país, infelizmente, o que se observa é a vontade do indivíduo em entrar nos assuntos públicos para fazer "carreira política", partindo do pressuposto de que, para ele, a política seja usada exclusivamente como uma ajuda financeira, para melhorar sua qualidade de vida, praticar o nepotismo e ignorar as reais necessidades de todos. Daí surge a questão: por que é tão difícil mudar? Tentarei esclarecer o motivo de nossa frustração.

      Segundo o filósofo político, Norberto Bobbio, o governo se utiliza de instrumentos pelos quais se exerce força física. Seu caráter é predominantemente coator, isto é, mantêm-se uma relação clara entre fortes e fracos e/ou superiores e inferiores. É óbvio que não se pode esquecer do aliado "número 1" do governo: a mídia! Como diria Learned Hand, um filósofo americano que admiro: "a mão que governa o jornal, o rádio, a tela e a revista disseminada ao longe, governa o país". O exemplo mais claro disso é a Rede Globo de Televisão, que, ao longo de sua existência, sempre utilizou seu poderio midiático para influenciar decisões políticos, esquemas de corrupções, criar heróis e vilões, entre outros. Resumindo: a mídia alimenta o sistema.

      No meu ponto de vista, o Brasil é um país bom com pessoas más. Se já começamos errado desde a chegada dos primeiros portugueses, há a possibilidade de uma luz no fim do túnel? Sim, há! Esse quadro de descrença e desilusão com a política por parte dos brasileiros, em que o governo falha e os eleitores ficam frustados, elucida a ideia de que os verdadeiros culpados por tudo isso somos nós. E explicarei o porquê.

      A política é uma atividade inerente a cada cidadão e, portanto, renegando-a estaremos abrindo mão da nossa condição humana. Aquela deve ser concebida como a articulação, o diálogo, a negociação a participação, o compartilhamento de decisões e a emancipação, por isso continuamos indo às urnas, ano após ano, mesmo de forma quase inconsciente, na esperança de haver uma solução para os nossos problemas. E nem preciso falar dos malditos benditos que vendem o voto, que agem de má fé ou que decidem se candidatar a um cargo público pensando unicamente em si. 

      Não adianta chamar um político de corrupto, sanguessuga, trapaceiro, entre outros, sendo que eles estão lá por causa do nosso voto. A "turma do mal" - culta, inteligente e espalhadora de virais na Internet -, a que acha que votando nulo impedirá a entrada dos maus políticos, está completamente enganada. Se anular uma eleição, ocorrerá outra, é óbvio! Ou você acha que um país "sobrevive" sem ninguém no comando? Quem vai tomar conta? Sinto cheiro de "anarquismo"? Faça-me o favor! Voto nulo não resolve o problema. Só arruma outro! O que resolve de verdade é o voto consciente; o voto de cidadãos que pesquisam os seus candidatos, que não vendem o voto, que participam ativamente do cenário político do seu país.

Considerações finais:


      Citando e argumentando a partir de uma máxima, de Bertolt Brecht: 
"O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais."

Lembre-se sempre disto! 


      Portanto, digníssimo leitor, o futuro está em nossas mãos, cabendo a nós decidir se ele será bom ou ruim. Pense nisso!




Rafael Santana.

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