24 de set. de 2012

Religião e Ateísmo

Olá, senhores.
       
      Como eu imaginava, o primeiro post deste meu blog não poderia abordar outro assunto senão a religião.   Considerei pertinentes alguns comentários nesta minha publicação no Facebook http://migre.me/aQrui e, portanto, interessei-me em escrever a respeito. De imediato, selecionei dois dos principais a fim de analisá-los um a um e explicar a minha opinião sobre cada ponto. Aqui está o primeiro:


      Bom, vamos por partes ...
  • "Concordo com você quando diz: sou contra a religião, mas discordo quando diz: sou ateu";
Discordo! Da mesma forma que você, caríssima, tem o direito em crer num deus, eu tenho o meu direito de não crer. Ou estou errado? Em momento algum na publicação e nos meus comentários eu dirigi críticas ou questionamentos sobre a possível ou não existência de um deus, bem como não desmereci quem acredita em um; pois sei que, fazendo isso, eu entraria em contradição e desrespeitaria alguém. Minha crítica converge único e exclusivamente ao papel da religião na sociedade, como forma de impor limites, regras, costumes e por extrapolar o perímetro clérigo - no sentido restrito da palavra. Em outro post  falarei dos motivos que me levam a ser um ateu agnóstico, além de uma breve análise filosófica sobre a religião.
  • "Não sigo a religião. Sigo a Cristo" (???)
Como isto é possível? Sua religião é o Cristianismo, certo? E se fosse o Islamismo? Continuaria seguindo a Jesus Cristo e acreditando na Bíblia Sagrada? Acho que Maomé realizaria atentados no Brasil como ele anda fazendo nos países islâmicos e o Alcorão ficariam tristes com você. 
  • "Deus não é religioso e não é culpado dos erros que o homem faz"
Então me explique o sentido de onisciente, onipotente e onipresente. Partindo dessas premissas:
  1. Por que ele nos dá o livre arbítrio para escolher nossas ações, mas o mesmo é onisciente? 
  2. Por que ele não evita as falhas cometidas pelo homem em nome da religião, haja visto que o dele está em jogo? 
  3. Como o homem interpreta as coisas antropomorficamente, personificando-as e as adequando com um teor divino, a fim de encontrar uma razão que os ajudem a suportar os fatos da vida, surge então a imagem de uma entidade superior, salvadora e redentora. Pois bem. 
Você ora, pedindo que consiga ir bem numa prova. Resultado: você obtém êxito. Deus te ajudou.    
Numa viagem, você e seus amigos sofrem um acidente. Todos morrem e só uma pessoa sobrevive. Deus é bom! Realizou um milagre! Graças a Deus!
Você, antes de almoçar/jantar/etc ora para agradecer o alimento. Centenas de milhares de pessoas passam fome na África, nas ruas, entre outros. Deus é sádico ou irresponsável? Vai saber ... 

  •  "Eu sigo a Cristo, alguém muito melhor que eu, por isso faz sentido segui-lo." 

Você percebeu a desigualdade presente nesta frase?
Como eu mesmo já disse, as pessoas precisam de "algo" para sustentá-las e dar força emocional a seus fracassos, decepções e incertezas.  Parafraseando Aristóteles, este Deus simples, humano e cristão, criado pelo antropomorfismo de mente adolescente e dependente, é a figura representativa da metafísica das massas, na qual o ser humano julga-se incapaz de encontrar respostas, de resolver seus problemas pessoas e recorre a deuses, com medo da morte e de perder o contato com as pessoas que o amam. Não desejo converter ninguém ao ateísmo, muito pelo contrário, cada um crê naquilo que lhe satisfaz. EU não preciso de um deus preconceituoso, machista, sádico, oportunista e implorador de misericórdia. Não rejeito a possibilidade de existência de um deus, mas também não creio em um porque meus pais me 'enfiaram dentro da igreja' para receber tudo quanto é tipo de preconceitos e medos da vida. 

      Vivi 17 anos dentro de uma igreja, com cultos todos os dias, e sabe qual a resposta que encontrei sobre a existência de Deus? Nenhuma! Deus finge brincar de pique-esconde conosco, só pode ...
      Deus nunca me deu uma resposta CONCRETA sobre o seu poder e a sua realidade. Eu desafio a qualquer religioso: Dê-me uma demonstração plausível e afastada do sentimentalismo e da psicologia barata por trás de argumentos clérigos de que deus exista. Prove, mas por favor, não me venha com o argumento: "Ah, eu não preciso provar, eu sinto. Você também precisa sentir!". Não, eu não quero esta objeção furada. Emoção não me convence assim.
      Eu olho para o céu e vejo a beleza da natureza. Eu me olho no espelho e vejo um ser, único e absoluto. Por que precisaríamos de um Deus que nos rege e que implora devoção e louvor? Isso não é orgulho demais?

      Aqui vai o segundo:

  • "[...] quanto tu pregas essas ideais anticristãs com tanto fervor você acaba se tornado parecido com a tão maléfica ICAR [...] Parece que está querendo fundar uma outra religião"

Discordo! Quanto eu falo "religião", eu não me refiro somente ao Cristianismo, mas sim a todas religiões. Desde que o ser humano é humano houve a necessidade de criação de uma figura divina, superior e messiânica. Partindo do "panteísmo" pré-histórico, passando pelos politeísmos da Idade do Bronze, o que se pode observar hoje é a sempre e antiga proposital postura da Igreja de ser aliar com o Estado a fim de obter privilégios e manter a concepção de metafísica das massas. 
       Conforme diz "O Tratado sobre Religião e Estado", de Baruch Spinoza, e fundamentando o meu argumento:
 "As escrituras não explicam as coisas pelas suas causas secundárias, apenas as descrevem na ordem e no estilo mais próprios para impelir os homens, sobretudo os ignorantes, à devoção. Seu objetivo não é convencer a razão, mas empolgar a imaginativa. Daí a abundância de milagres e as constantes aparições de Deus. As massas querem que o poder e a providência de Deus sejam mais demonstráveis com o desdobramento de fatos extraordinários, que contrariam a concepção corrente dos fenômenos naturais. Supõem, na realidade, que Deus se conversa inativo enquanto a natureza age da maneira normal; e vice-versa, que o poder da natureza e as causas naturais ficam de lado quando Deus entrar e agir; imaginam pois os dois poderes distintos entre sim."

  • "Concordo com seu texto na parte que devemos usar preservativo. O resto é questão de opinião e fé"
Discordo, sabe por quê? NINGUÉM tem o direito de interferir na liberdade pessoal dos outros, da mesma forma que nem o Estado nem a Religião devem infringir ou limitar a decisão de uma mulher sobre abortar ou não, que é um direito natural da mesma. A maioria é contra o aborto por causa da religião. No Brasil, inúmeros abortos são realizados de forma clandestina por jovens/mulheres impossibilitadas de sustentar um filho ou por motivos pessoais e ninguém faz nada. O número de crianças abandonadas, mendigas e famintas só aumenta nas ruas; assim como aumenta a quantidade de miseráveis em determinadas regiões, o que só faz crescer a taxa de desempregados, analfabetos e dependentes de programas assistencialistas. 

      Proibir o uso de preservativos, o aborto, o estudo sobre células tronco, influenciar questões políticas, entre outros, realmente é questão de opinião e fé e todos devem se conformar e aceitar calados ... OK.



Rafael Santana.

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